Todas as pessoas nascem criativas?

Podemos resumir os atributos do mundo de hoje pelo acrônimo VUCA. O mundo hoje está Volátil, pois muda o tempo todo; incerto (do inglês Uncertain), ou seja, cada vez mais difícil de fazer previsões; Complexo, em razão de precisarmos de muitas interações multidisciplinares para entender as coisas; e Ambíguo, na medida em que as respostas não são mais únicas e exatas.

Nesse contexto, e com a automatização e digitalização em franca expansão, percebemos o crescimento da exigência por uma capacidade típica do ser humano: a criatividade, competência mais solicitada por empresas que procuram talentos, segundo pesquisa do Linkedin. Mas, essa não é uma habilidade possuída apenas por artistas e gênios?

Criatividade é uma habilidade inata de todo ser humano. Na verdade, é o que fez o homo sapiens desenvolver-se diferentemente das outras espécies, pois através dela, pode empregar soluções originais para resolver seus problemas, como por exemplo: ter armadilhas para caça, desenvolver técnicas de agricultura, inventar a máquina a vapor ou construir o computador.

Naturalmente todos somos pessoas criativas, toda criança tem imaginação e, no entanto, normalmente perdemos esta característica durante o crescimento. O estilo de educação vigente é o mesmo de séculos atrás e visa criar seres não acostumados a questionar ou dar novas soluções aos problemas. A escola não nos prepara para potencializarmos nossa criatividade, muito pelo contrário: a escola nos encaixa em modelos pré-definidos, nos prepara para dar respostas pré-estabelecidas para perguntas conhecidas. Ou seja, a escola nos coloca dentro da caixa e o mundo VUCA requer pensamentos fora da caixa.

O experimento em grupo da construção de uma torre composta por espaguetes e marshmallows, mostra crianças de educação infantil alcançando melhores resultados do que estudantes de escola superior de negócios. Os adultos têm vergonha de tentar, ficam pensando, discutindo e planejando e, no final, a torre desaba.

O grande desafio do ser humano em nossos dias é recuperar e desenvolver o ser criativo que foi quando criança, cujas asas foram cortadas à medida do crescimento e da “adaptação” à sociedade adulta. Como fazer isso?

Em primeiro lugar, não se deve ter medo de errar ou de se mostrar vulnerável. Um dos fatores através do qual as crianças conseguem maior êxito no experimento dos espaguetes é que elas são mais abertas à tentativa e erro.  O aprendizado advindo do erro dá novas ideias para a resolução do problema e, consequentemente, propicia a obtenção de solução criativa. O medo de errar tolhe a criatividade. Mostrar-se vulnerável, segundo pesquisa da cientista social norte americana Brené Brown, permite às pessoas, dentre outros itens, serem mais criativas. Quem tem medo do julgamento dos outros não conseguirá obter ou apresentar ideias novas. As empresas ávidas por inovação devem se conscientizar da importância de seus colaboradores não terem receio de cometer erros ou mostrarem-se vulneráveis, incentivando seus funcionários para tal. Tornou-se famoso o caso de um funcionário da Microsoft, que cometeu um erro, o qual ocasionou uma perda de US$100 mil à empresa; ao ser chamado pelos chefes perguntou onde assinaria sua demissão e obteve como resposta: “Está louco? Você não está demitido. Acabamos de investir US$100 mil na sua aprendizagem!”.

O segundo item importante para desenvolvimento da criatividade é a adaptabilidade a mudanças. Nosso cérebro é constituído de tal forma a gastar a menor quantidade possível de energia e, portanto, procurar sempre por situações conhecidas. Isso pode ter sido fundamental para a sobrevivência num mundo pré-histórico, mas agora é um problema. Gerar novas ideias requer construir novas sinapses, novas formas de pensamento, e é preciso acostumar nosso organismo a isto. Estar aberto a aprender novidades faz parte deste processo. Em seu livro “Uma Pergunta Mais Bonita”, o qual recomendo, Warren Berger sugere que utilizar sempre as perguntas Por quê? E se? e Como? nos ajudarão a atingir uma forma mais criativa de pensar.

O terceiro item a considerar é a colaboração. O gênio solitário é um ser em extinção. Quanto mais aceitarmos e darmos ajuda aos demais na solução de problemas, mais criativos seremos. A diversidade de pessoas, áreas, hierarquias fomenta esse processo.  Quem já não ouviu falar no coaching invertido em que estagiários estão apoiando presidentes de empresas como forma de propiciar-lhes outra visão de seus negócios?

O quarto item é o propósito. Segundo Ken Robinson, estudioso inglês da criatividade, as pessoas criativas sabem o que gostam de fazer e estão fazendo o que gostam. Ou seja, a criatividade aflora num ambiente no qual as pessoas têm amor ao que fazem e não estão ali somente para cumprir uma obrigação. Permitir que seus colaboradores se divirtam trabalhando é o novo desafio para as organizações que querem inovar.

Finalmente, deve-se fugir da armadilha de achar que criativo é somente aquele que cria algo totalmente novo e disruptivo. Como enfatiza Murilo Gum, grande expoente brasileiro no assunto, a criatividade também é combinar de forma diferente coisas já presentes e sempre começa de um grau de conhecimento existente para adicionar elementos e saltar a um novo patamar.

Como disse Abraham Maslow: “O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo; criativo é o homem comum do qual nada se tirou.”

Que tal redescobrir sua criança interior para recuperar e potencializar sua criatividade?

Marque uma conversa.

hg@humanagente.com.br

whatsapp: (11) 99851-1275

Related Posts

2 Replies to “Todas as pessoas nascem criativas?”

  1. Adorei essa matéria e no mundo que vivemos hoje se não resgatarmos essa criança, com toda sua criatividade, será muito difícil sobrevivermos tendo vitórias e conquistas diferenciadas!!

    1. É isso mesmo, Michele! Cada vez mais teremos que recuperar nossa essência original para sabermos dar conta dos desafios do mundo atual.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

© Todos os direitos reservados