O que as pessoas que chegam ao topo têm em comum?

Todos lutamos para atingir o que consideramos sucesso, muito embora seja esta uma definição subjetiva, pois pode se refletir num estado desejado diferente para cada ser humano. Mas, será que podemos avaliar o que as pessoas consideradas “bem sucedidas” têm em comum?

Vamos focar nos aspectos de carreira. Quais serão as principais características dos indivíduos que reconhecidamente chegaram ao “topo”? Esses profissionais podem ser empreendedores, executivos ou especialistas, apresentando altos resultados, consistentes e sustentáveis. Eles não têm o mesmo perfil , mas possuem ao menos alguns traços em comum que os tornam diferenciados em suas atitudes. A primeira dessas qualidades a destacar é o protagonismo.

Ser protagonista de sua própria vida é não deixar o acaso tomar conta de seu futuro, mas agir no presente com livre arbítrio definindo aonde quer chegar, traçando o caminho e tomando decisões que o levarão até lá. Isto, por si só, não é garantia de alcançar tudo o que se deseja, mas é uma postura diferenciada perante a vida. Não há como controlar tudo, não há como garantir o resultado de tudo, mas há muita coisa que podemos determinar ou influenciar. Já dizia Jean Paul Sartre: não importa o que a vida fez com você, importa o que você fez do que a vida fez com você. 

O protagonismo é a virtude que se antagoniza ao posicionamento de vítima. Quem já não ouviu uma ou mais das declarações seguir: não consigo crescer na empresa porque meu chefe me persegue, não aprendo porque o professor é ruim, não me desenvolvo porque meus colegas não me ajudam, não consigo crescer porque o país está em crise, chego atrasado porque moro longe, e assim por diante… São pessoas que constantemente agem como figurantes de sua própria vida, pois a responsabilidade de tudo que ocorre está em algum outro fator que não ele mesmo.

Ser sujeito ativo de sua existência implica em olhar os desafios como oportunidades, agindo de forma a resolver os problemas e não sair atrás de culpados quando eles ocorrem. Vamos visitar alguns exemplos práticos de pessoas bem sucedidas no mercado brasileiro. Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos, uma das maiores fintechs do país, conta que no início do empreendimento, por volta de 2002, ia visitar prospects com o objetivo de iniciar sua carteira de clientes e, a cada 10 visitas, apenas 2 eram relativamente bem sucedidas uma vez que essas pessoas abriam as contas sem necessariamente movimentá-las. Diante deste quadro problemático, não desistiu ou se cansou até ver uma oportunidade de ministrar cursos remunerados a interessados em mercado de capitais nos finais de semana. Quase 100% dos 30 alunos que pagavam pelo curso em cada turma tornavam-se clientes ativos da XP, por já terem o interesse prévio no assunto e passarem a entender como investir e ganhar dinheiro naquele mercado . A partir daí, a empresa começou a gerar resultados e tendo sempre esta postura atuante perante os desafios, atingiu a marca de mais de 1 milhão e 500 mil clientes ativos nos dias de hoje.

O protagonismo também implica em aprender com os erros, pois não dá espaço para sentir-se vítima de uma situação que não deu certo. Exige, ainda, flexibilidade, criatividade e agilidade na adaptação às mudanças. Sebastião Bonfim, fundador da Centauro, varejista de artigos esportivos, conta que quando abriu sua primeira loja em Belo Horizonte (1981), teve no inverno uma demanda muito grande por agasalhos esportivos, o que o fez adquirir um grande estoque do produto para o próximo período. Porém, no ano seguinte a estação foi muito amena e a mercadoria ficou literalmente encalhada, o que o levaria a perdas irrecuperáveis e até fechamento do novo negócio. Uma noite, “conversando” com os agasalhos, Sebastião acabou tendo uma ideia e mandou algumas peças para uma costureira cortar as mangas longas tornando-as curtas. Este foi o maior sucesso da estação e, desde então, todas as marcas e lojas também passaram a oferecer aquele novo modelo de roupa esportiva a cada ano.

Além disso tudo, protagonistas de sucesso têm um sonho grande e uma visão de longo prazo. Quando os banqueiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira compraram a Brahma em 1989, ninguém tinha noção da grandeza do sonho deles. Em 1999 a Brahma fez uma fusão com a Antarctica, criando a Ambev. Em 2004 seria a vez da fusão com a belga Interbrew. A aquisição da americana Anheuser-Busch, dona da Budweiser, viria em 2008 e em 2015 foi a vez de comprar a anglo-sul-africana SABMiller. A AB Inbev, atual nome da holding,  é agora a maior cervejaria do mundo. Naturalmente, a cada momento de sua história houve e haverá sempre desafios a transpor. Mas, como já vimos, transformar desafios em oportunidades é uma das marcas dos vencedores.

Outro traço fundamental dos grandes protagonistas que conseguem manter-se sustentavelmente no topo é possuir um propósito maior, que vá além do resultado financeiro. Edgard Corona das redes de academias Bioritmo e Smart Fit, avaliadas hoje em mais de R$8,6 bilhões, conta que quando decidiu entrar no segmento de academias populares (Smart Fit) teve muita pressão para baixar a qualidade do serviço oferecido visando maximizar a margem de lucro, mas não abriu mão de seu propósito neste negócio: fazer diferença na vida do cliente de menor renda pela disponibilização de academias com alto grau de excelência. Além disso, existe uma filosofia de participação dos funcionários, que faz com que esse propósito inspire a todos.

Seja na vida profissional ou pessoal, estar no topo é atingir seus objetivos, mas também é saber quão importante é valorizar a jornada, a forma de chegar lá. Enfatizamos a importância de ser protagonista, flexível, criativo, ágil e adaptável às mudanças, o que requer aprendizado constante e autoconhecimento.

Todos os exemplos de sucesso aqui apresentados e muitos dos insights que tive sobre o tema “protagonismo” vieram do podcast “Do Zero ao Topo” da InfoMoney, que retrata em cada episódio a história de um profissional na construção das maiores empresas do país.

Como ensina Leandro Karnal, a vida é muito curta para que se perca tempo numa existência medíocre: para ter um ambiente familiar que eu não me dê bem; para ter um trabalho que não me deixe satisfeito; para fazer coisas que ocupem meu tempo e não agreguem valor. A vida é muito curta para agirmos como atores coadjuvantes da nossa própria existência. Somente a atuação protagonista pode nos levar ao sucesso, seja qual for o significado que dermos a ele.

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6 Replies to “O que as pessoas que chegam ao topo têm em comum?”

  1. Muito bom Suzana! São lições valiosas e inspiradoras, experiências vencedoras com superação dos desafios que estão aí no nosso dia a dia…
    Não existe receita para esses bolo, mas seguramente o protagonismo, o conhecimento, a “garra” e um sonho verdadeiro são ingredientes que fazem a diferença.

  2. Excelente artigo.
    Ser protagonista e ter muita resiliência, e antes de tudo saber o que quer e quais os seus valores!
    Tenho dito que a maior inovação é descobrirmos que somos Humanos.

    1. Obrigada, Cecília!Excelente observação! Em alguns momentos, as pessoas estão se distanciando de sua essência humana e aí que tudo de ruim acontece.

  3. Estamos muito acostumados a transferir a culpa, em especial quando falhamos de alguma maneira. A verdade é que essa é uma posição cômoda, fácil de ser mantida.Mas devemos assumir as rédeas da nossa vida, sem buscar desculpas ou culpados. Ótimo artigo Su

    1. Obrigada, Aline!Sem dúvida, ser protagonista de nossa vida é mais difícil, mas também nos dá uma sensação incrível de realização quando conseguimos chegar ao ponto desejado!

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