O que aprendemos com a pandemia? O que vai persistir depois?
Estamos vivendo tempos jamais imaginados por nossa geração. A ocorrência de uma pandemia singular nos obrigou a um recolhimento senão compulsório talvez moralmente necessário, reconhecendo aqui que muitas pessoas não podem fazê-lo por seu tipo de trabalho essencial ou simplesmente por não possuírem condições materiais. Trata-se de uma crise sanitária com altos impactos econômicos a qual afeta nossas atividades, emoções e relacionamentos.
O momento é de ansiedade, medo, angústia, além de grande tristeza pelas vítimas, algumas muito próximas. Mas, em meio a tanta perplexidade, devemos também achar maneiras de sobreviver, de aprender as lições, que serão muitas no âmbito científico, econômico, social, político e tantos outros. Vale aproveitar essa experiência peculiar e avaliar o que podemos tirar em proveito próprio seja no enfoque pessoal, profissional ou organizacional.
É fácil falar em desenvolver competências em momentos de calmaria. A história já nos provou, no entanto, desde o início dos tempos, serem os maiores saltos de desenvolvimento material e humano originários das crises.
Num âmbito pessoal, aqueles que souberem agir com inteligência emocional obterão maior benefício. São altas as pressões dos acontecimentos, por isso a importância de saber gerenciar as próprias emoções e ter a capacidade de compreender os sentimentos e atitudes de outras pessoas. Conseguir dar um tempo entre o impulso e a ação nos beneficia enquanto podemos avaliar melhor o grande quadro e considerar outras visões e possibilidades para agir de forma mais racional. Nesse contexto serve o autoconhecimento, a sensibilidade social, a utilização da empatia e a capacidade de comunicação efetiva.
Períodos assim colocam à prova nossa habilidade de resolução de problemas: com situações e insumos muito diversos dos habituais, temos que apresentar novas soluções e chegar a um resultado efetivo. Isto exige flexibilidade para adaptação às mudanças repentinas e aprendizado ativo visando enxergarmos e tirarmos proveito do novo panorama.
As empresas mais criativas e inovadoras tomaram as rédeas e estão fazendo coisas impensáveis anteriormente, num curto espaço de tempo. Luiza Trajano, do Magazine Luiza, relata que sua empresa implementou uma facilidade de adesão de autônomos ao seu marketplace em 8 dias, o que normalmente levaria 8 meses! Muitas organizações promovem evoluções digitais imediatas que antes estavam apenas em estudo: é a necessidade que bate a suas portas. Entender que a cultura digital é experimentação faz parte da questão. Que momento melhor para tentar novas soluções dado não havermos respostas prontas ou semelhantes para utilizar?
Uma das experiências que provavelmente sobreviverão ao pós pandemia, pelo menos em algum grau, será o home office, tão propagado nesses tempos. Tanto empregadores como empregados terão que se acostumar a esse novo normal, pelo menos para parte da equipe. Realizar suas tarefas em casa exige do profissional uma disciplina e uma organização não tão óbvias num primeiro momento. Você precisa ter uma agenda, horários, enfim, planejamento do tempo; precisa “se vestir”, física e mentalmente para executar suas atividades. Por outro lado, requer dos gestores uma maior delegação e confiança em sua equipe. Trata-se de obter o resultado e não de controlar pessoas. Para lideranças e equipe é um momento ímpar de implementação da autonomia, da liberdade para executar tarefas da melhor forma possível, de ter responsabilidade pelo que faz. Naturalmente, esse é um processo de enriquecimento do trabalho e de motivação mais profunda do que a simples localização física: trata-se de uma filosofia de trabalho, por isso envolve mudança cultural dos envolvidos.
Vivemos também circunstâncias propícias para amadurecimento das lideranças: ter humildade de reconhecer não possuir todas as respostas, pois a crise é incerta para todos; agir com rapidez no apoio às pessoas, no que se refere à saúde, equilíbrio emocional e tarefas; empregar comunicação clara e transparente com colaboradores, clientes e fornecedores, gerando um clima de confiança.
Seja no nível pessoal ou profissional, vale uma última lição: estar em isolamento, não significa estar desconectado das pessoas. A preocupação com o outro, a empatia, a necessidade de relacionamento talvez seja a maior lição que levaremos de nossa vivência na pandemia.
Como escreveu Cora Coralina:
“Não sei…
se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.”
Não será fácil, mas vai passar.
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Como sempre, belo texto!
Gostei especialmente do trecho: “Num âmbito pessoal, aqueles que souberem agir com inteligência emocional obterão maior benefício. São altas as pressões dos acontecimentos, por isso a importância de saber gerenciar as próprias emoções e ter a capacidade de compreender os sentimentos e atitudes de outras pessoas.”
Entendo que nesta linha de raciocínio, é um bom momento para para refletirmos sobre o lado nocivo do imediatismo que nossa cultura nos trás, onde buscariamos solucionar os problemas a qualquer custo, e no ambito pessoal teriamos um alto impacto em “realizar” que tudo/ou quase tudo que foi planejado para os próximos anos foi por terra.
Por outro lado, temos a oportunidade para exercitar e trazer para perto “o que realmente importa”, as pessoas amadas. O bem. Que essa fase nos ajude a, mesmo quando tudo voltar ao (novo) normal, valorizar (muito) mais a “vida real”.
O que converso com próximos: Vamos superar, juntos. E daqui a algum tempo estaremos orgulhosos de nós mesmos sobre como reagimos e crescemos com isso.
😉
Beijos Su.
Obrigada, Douglas. Concordo contigo, particularmente no enfoque de valorização da vida real de uma forma mais humana.