Você possui pensamento crítico ou sempre concorda com o estado atual das coisas?

Uma das competências mais valorizadas quando se fala em sociedades do futuro é o pensamento crítico, ou seja, o questionamento do status quo em busca de novas abordagens e soluções criativas para os problemas.

Status quo é uma expressão do latim que significa “estado atual”: trata-se do estado ou circunstância que se mantém igual ou do modo como estava antes de qualquer alteração. Podemos utilizar o termo com referência a uma empresa, um mercado ou uma situação qualquer.

O pensamento crítico envolve colocar em dúvida as verdades estabelecidas visando a mudança do status quo e das respostas padronizadas aos problemas. Se baseia na utilização constante de perguntas simples frente às situações como: “por quê?” ou “e se…? (“como seria se…?”). Estudos mostram que uma criança de 5 a 6 anos faz de 100 a 300 perguntas por dia, mas quando crescemos desaprendemos a utilizar essa habilidade, o que inibe o pensamento crítico.

O prêmio Nobel Daniel Kahneman em seu livro “Rápido e Devagar” relata termos duas formas de pensar:  a primeira pensa rápido, opera automaticamente e sem esforço; a segunda pensa devagar, requer lentidão, deliberação, raciocínio e concentração. Enquanto o pensamento rápido é muito utilizado para a realização de tarefas rotineiras e automáticas, o pensamento devagar é responsável por questionar as informações que recebemos e tem a característica de avaliar cenários. O pensamento crítico está na segunda categoria e requer maior esforço que o pensamento rápido, razão pela qual é mais desgastante e raro de encontrar. Nossa intuição é altamente preconceituosa, pois carrega inconscientemente nossos julgamentos e valores. Pensar devagar requer maior isenção, análise e consciência para apartar o pré-julgamento.

Ter um conhecimento amplo tanto no aspecto generalista, como no especialista alavanca o pensamento crítico pois serve de base para correlações, embasamento técnico,  científico e criatividade nas soluções. Para aprofundamento, recomendo o livro “6 Competências para Surfar na Transformação Digital” de Andrea Iorio.

 Além do que já falamos acima, eis algumas outras atitudes que auxiliam no desenvolvimento do pensamento crítico:

• Ter curiosidade e questionar sempre como um novato: a revolução digital nos impõe constantes mudanças e acarreta a nossa posição de novatos frente as constantes novidades e isso nos permite perguntar para aprender, entender e fundamentar posições;
• Ver as coisas “de fora”, como alguém que não está participando: deixar suas crenças e opiniões de lado, analisar sem emoções;
• Evitar o “efeito manada” pelo qual o indivíduo realiza aquilo que os outros estão fazendo, sem realmente refletir a respeito;
• Evitar o “pensamento de grupo” em que o indivíduo deixa de manifestar sua opinião em nome de um consenso de grupo;
• Duvidar das fontes de informação: pesquisar e tirar suas próprias conclusões;
• Valer-se de dados objetivos, com maior precisão para formar opiniões e fundamentar soluções.

Estamos vivendo na sociedade da informação, mas devemos saber separar o joio do trigo, ou seja, utilizar o pensamento crítico para distinguir fake news e notícias verdadeiras. Somente o olhar crítico sobre as coisas nos dará essa habilidade. Desconfiar e pesquisar sempre é o lema: ter opiniões próprias e bem embasadas sobre as coisas.

O pensamento crítico é fundamental para a inovação, pois ajuda a ter respostas novas aos problemas e eis porque é uma característica tão valorizada aos profissionais de hoje e do futuro. Segundo Martha Gabriel, “sem pensamento crítico, nenhuma outra habilidade é eficiente em enfrentar mudanças”.

Questionar o status quo é promover novas visões de mundo, contribuindo para seu desenvolvimento. O maior tolo é aquele que tem certeza de tudo. Como disse Nietzsche, “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.

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