Você se permite repensar suas ideias?

Uma das características da evolução da humanidade é o enfrentamento às mudanças durante toda sua história: “Nada é permanente, exceto a mudança” já dizia Heráclito, filósofo grego, em aprox. 500 A.C. Imaginemos a grande transformação que a descoberta do fogo causou aos nossos ancestrais caçadores coletores. O desenvolvimento das técnicas de agricultura e a domesticação de animais, iniciados há cerca de 10.000 anos e denominado por Yuval Noah Harari, em seu livro “Sapiens”, de revolução agrícola, fizeram com que os antigos nômades tivessem que se fixar para poder tratar a terra, ocasionando o surgimento das cidades e a consequente urbanização. Mais adiante, acontece a revolução industrial, outra enorme mudança que veio transformar o estilo de vida, a maneira de obtenção de recursos para sobrevivência e os relacionamentos sociais. Esta é subdividida, segundo suas invenções características e sua forma de utilização em cada período. A primeira revolução industrial foi iniciada pela invenção da máquina a vapor na segunda metade do século XVIII, vindo substituir a força muscular pela energia mecânica. A segunda revolução industrial, cujo início ocorreu no final do século XIX, tornou possível a produção em massa, através da utilização da eletricidade e da linha de montagem. A terceira revolução industrial começou com o desenvolvimento dos semicondutores e da computação em mainframe (década de 1960), passando pelo computador pessoal (décadas de 1970 e 1980) e da internet (década de 1990). Hoje vivemos a quarta revolução industrial, baseada na transformação digital, sendo caracterizada por uma internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores, mais poderosos e mais baratos, pela inteligência artificial e aprendizagem das máquinas.

Como se vê, mudanças sempre ocorreram. Então, por que falamos como se fosse um atributo exclusivo de nossos tempos? É a velocidade em que ela ocorre. A título de exemplo, para atingir 50 milhões de usuários, o rádio levou 38 anos, a televisão 13 anos, a internet levou 4 anos, o Facebook levou 3,5 anos, o Twitter 9 meses, o Instagram levou 6 meses e o jogo Pokemon Go 22 dias! É a era da modernidade líquida. A evolução do mundo não é mais linear, é exponencial.

Antes era possível a uma geração assimilar conhecimento e transmiti-lo aos seus filhos que, com algumas alterações, repassariam aos seus descendentes. Não mais. Hoje uma mesma geração deve se transformar várias vezes durante sua vida para poder se adaptar às novidades cada vez mais rápidas. Isso nos leva à necessidade de aprendermos a vida inteira.

O desafio é constante, uma vez que não se trata apenas de aprender coisas novas, mas ter que desconstruir pensamentos e conceitos antigos para poder entender e absorver as novidades. Alvin Toffler já previa essa necessidade quando disse: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.

A inteligência geralmente é vista como a capacidade de pensar e de aprender, mas em um mundo em rápida mudança há outro conjunto de habilidades cognitivas que podem ser mais importantes: a capacidade de repensar e desaprender. A maioria das pessoas prefere o conforto da convicção ao desconforto da dúvida. Em geral, só damos ouvido às opiniões que confirmam as nossas. Descartamos as ideias que nos fazem pensar muito e vemos o desacordo como uma ameaça. É nesse momento que devemos nos valer do repensamento. Se o conhecimento é poder, saber o que não sabemos é sabedoria. Adam Grant, ph.D. em Psicologia Organizacional pela Universidade de Michigan e bacharelado pela Universidade de Harvard, nos traz essa visão em seu livro “Pense de Novo”.

Para podermos aprender a vida inteira, teremos que aprofundar nossa competência de repensamento, ou seja, de manter a mente aberta para novos conceitos e visões de mundo. Segundo Grant, uma das primeiras coisas a fazer é “pensar como um cientista”, ou seja, encarar cada opinião como um palpite ou uma hipótese e testá-la com dados. Além disso, é importante buscar informações que vão contra nossas crenças, pois temos que evitar cair no viés de confirmação e entrar em bolhas de pensamentos iguais aos nossos. Ao invés disso, ter contato com ideias desafiadoras de nossas concepções, através de relacionamentos com pessoas que nos façam pensar, mesmo discordando delas.

Tudo isso significa que não existe pensamento acabado, mas algo sempre em mutação.

O segredo é manter a mente aberta e exercitar o constante repensamento; para isso, é necessário praticar o que foi denominado por Grant, de “humildade confiante”, ou seja, se sentir seguro o bastante de seus pontos fortes para reconhecer suas fraquezas. Acreditar que a melhor forma de provar seu valor é se aprimorar. A confiança humilde faz com que você tenha a coragem de dizer “não sei”, ao invés de fingir ter todas as respostas. De dizer “eu estava errado”, em vez de insistir que estava certo. Ela te encoraja a ouvir ideias que te fazem pensar mais, e não apenas aquelas que fazem com que se sinta bem. E a se cercar de pessoas que desafiam seu processo de pensamento, não só daquelas que concordam com suas conclusões.

Essa forma de pensar nos leva a não ter medo de cometer erros, o que é fundamental à inovação e ao aprendizado. É melhor se concentrar menos em se autoafirmar e mais em se aprimorar.

Repensar não é apenas uma habilidade individual, é uma capacidade coletiva quando enfocamos as empresas. A criatividade e o pensamento crítico são competências profissionais muito procuradas atualmente e elas serão mais bem fomentadas em organizações com cultura de aprendizado, onde os funcionários sabem o que não sabem, duvidam de métodos utilizados e permanecem curiosos por novidades a serem testadas. Para desenvolver essa cultura, as empresas devem se preocupar em:

  • Abandonar a busca por melhores práticas. A expressão “melhores práticas” sugere que os processos ideais foram alcançados. Nunca chegamos ao topo e sempre é possível melhorar dadas as mudanças na conjuntura, para isso é preciso adotar a responsabilização por processos e buscar sempre práticas melhores e não melhores práticas.
  • Criar segurança psicológica. Em culturas de aprendizado, as pessoas devem ter liberdade de questionar e desafiar o status quo, sabendo que não serão punidas. A segurança psicológica somente ocorre num clima de respeito, confiança e abertura.
  • Manter um placar de repensamento. Isso implica em não tomar decisões com base apenas em resultados, mas em como opções diferentes foram consideradas. A NASA perdeu um ônibus espacial por não considerar corretamente desajustes ocorridos em missões anteriores, tidas como um sucesso.

Há algum tempo éramos exigidos quanto ao nosso quociente de inteligência (QI) para resolvermos problemas adequada e rapidamente. Depois, vimos chegar o conceito de quociente emocional (QE) para termos habilidades de perceber e expressar emoções, desenvolvendo relações interpessoais salutares. No futuro, essas capacidades ainda serão importantes, mas a grande diferenciação para a sobrevivência e adaptação às mudanças será o quociente de curiosidade (QC): ter um desejo intenso de conhecer, de apreciar novas ideias e novas abordagens.

Por isso tudo, mãos à obra: vamos aprender, sempre!

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