Você se considera agressivo, passivo ou assertivo? Qual a implicação disso?
As perguntas do título deste artigo podem não serem fáceis de responder. Para ajudar-nos nesta tarefa, o livro “As 5 Habilidades dos Relacionamentos” de Dale Carnegie e Associados, propõe um exercício rápido, onde são apresentados alguns traços de personalidade os quais devemos identificar em nós mesmos:
( ) Muitas vezes eu me sinto vítima do que acontece ao meu redor.
( ) Eu desconto nos outros quando estou irritado ou sinto que fui tratado injustamente.
( ) Muitas vezes começo a conversa dizendo “Você me deixa…”.
( ) Tenho dificuldade em admitir que estou errado.
( ) Fico sobrecarregado e não digo “não” com a frequência que deveria.
( ) Sou excessivamente crítico comigo mesmo e com os outros.
( ) Costumo usar termos extremos como “nunca” e “sempre” quando estou falando com outras pessoas sobre o comportamento delas.
( ) Evito a qualquer custo ser assertivo e entrar em confrontos.
Se você encontrou pelo menos duas das características acima, pode tender a um dos extremos de comportamento, que são:
- Passivo. Aquele que quer evitar conflito, deixando de lado suas próprias necessidades. Costuma renunciar a qualquer coisa para manter bem seus relacionamentos. Prioriza as relações ainda que isto custe seus direitos e vontades. Acaba deixando que seus objetivos sejam decididos pelos outros. Tem muita dificuldade em conseguir o que realmente quer e coloca suas expectativas e responsabilidades no desempenho dos demais.
- Agressivo. Cria conflitos para obter o que deseja, utilizando-se de hostilidade e intimidação. Com esse método, consegue quase sempre o que quer, mas seus relacionamentos não são sustentáveis, tornando o processo cada vez mais difícil, pois os conflitos prejudicam as relações duradouras.
Como em quase tudo na vida, existe o dourado caminho do meio que é mais ponderado sendo, neste caso, representado pelo comportamento assertivo. A assertividade implica em expressar suas vontades e necessidades permitindo, porém, ao seu interlocutor também exprimir o que ele sente e deseja. Representa o equilíbrio entre a defesa de seus próprios direitos e vontades e o cuidado para não violar os direitos e vontades dos outros. Os assertivos se expressam, mas não ofendem; cuidam das relações, mas também levam em consideração os próprios sentimentos e opiniões. Geralmente não são ameaçadores, respondendo de forma direta às situações. O conteúdo de suas falas está repleto de opiniões em primeira pessoa, mas também demonstrações de abertura à colaboração.
Isso não quer dizer que a relação assertiva é sempre um mar de rosas, pois esse tipo de atitude implica em fazer e receber críticas, expressar e ouvir opiniões contrárias e discordar de alguma forma de ação. Mas, tudo isso ocorre sem ofensas, pois existe uma espontaneidade cautelosa, uma preocupação no que será dito e na forma em que será executado.
A maioria das interações profissionais, assim como as privadas, requer pelo menos duas pessoas compartilhando pensamentos, sentimentos, necessidades, tentando fazer com que a própria vontade prevaleça. Uma relação não será duradoura se um dos lados for egocêntrico, desrespeitoso, hostil e exigente de forma arrogante. Também não teremos uma troca sadia caso um dos elementos for fraco, complacente e desconsiderar seus próprios interesses. Uma pessoa assertiva sabe como fazer perguntas, como discordar e até como recusar um pedido sem necessariamente criar inimizades. A assertividade também é a capacidade de expressar emoções negativas sem personalizar o problema.
Podemos considerar 4 passos para alavancar a assertividade em nossa personalidade:
- Faça uma autorreflexão. Identificar pontos fortes e a melhorar. Solicitar e considerar feedbacks, tendo a mente aberta para se conhecer realmente. Verificar se existem situações nas quais estão tirando vantagem de você e quando há necessidade de dizer “não”. Por outro lado, avaliar se tem sido agressivo com os demais, utilizando algum tipo de poder para impor sua forma de pensar.
- Realize uma autoavaliação honesta. A maioria dos sentimentos de submissão ou agressividade tem origem na infância. Identificar as raízes dessas posturas é o primeiro passo para superá-las. Aprofunde-se nos motivos que determinam suas atitudes.
- Avalie o mundo externo. Também é preciso olhar para fora e averiguar e as influências do meio ambiente sobre você, como elas vem determinando suas ações e avaliar se essas reações têm ocorrido de maneira sensata.
- Coloque em prática. Passar a ser assertivo e colocar a assertividade à prova é um exercício de paciência. Deve-se começar por circunstâncias mais gerenciáveis para ganhar confiança, não esquecendo que expressar-se de forma mais assertiva significa dar à outra pessoa a chance de fazer o mesmo e escutar com empatia.
A base para a atitude assertiva é a utilização de uma mensagem objetiva e respeitosa, que compreende:
- avaliar os fatos da situação vivenciada, sem juízo de valor;
- expressar seus pensamentos e sentimentos de forma clara. Ser direto e objetivo com as pessoas ao seu redor, mas não se colocar na posição de vítima é um desafio, por isso, esses diálogos devem sempre começar por “Eu” e descrever uma situação de fato e não uma interpretação subjetiva do que está acontecendo. Se posso agregar uma experiência pessoal, cuidado para não ser objetivo demais, esquecendo de contextualizar e fundamentar seus argumentos; nem tudo que parece óbvio a você será necessariamente evidente aos demais.
- deixar claro quais são suas vontades e necessidades, mas incluindo em seu discurso os benefícios para a outra parte e estar predisposto a ouvi-la para manter um diálogo.
É fácil desenvolver afinidades com pessoas parecidas. Mas, num ambiente de trabalho é preciso termos relacionamentos com pessoas muito diferentes de nós, que pensam, falam e reagem de forma distinta. Quanto mais se sobe numa organização, mais diversas são as personalidades que devemos interagir e, por isso, é essencial saber lidar com os diferentes e as diferenças. A pessoa com o maior nível de flexibilidade terá maior sucesso nesta empreitada.
Muito do que discutimos aqui tem a ver com limites e respeito. Em qualquer ambiente, precisamos nos fazer respeitar ao mesmo tempo que devemos respeitar os demais. Parecem duas situações opostas, mas não são: são complementares e o seu equilíbrio é o que determina o grau de assertividade que você consegue dar aos seus relacionamentos interpessoais.
Como já sabemos, não existe lei universal nas ciências humanas. Devemos reconhecer que a assertividade não é o remédio para tudo. Pode haver momentos em que ser mais passivo é o indicado para “esfriar” ânimos exaltados, enquanto em outras situações mostrar alguma agressividade é a atitude mais adequada visando estabelecer limites. Para sabermos agir de forma a aplicar a dose correta de passividade, agressividade e assertividade, temos que nos conhecer e avaliarmos bem o contexto de cada situação.
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