Você tem algum talento fora de série?
PANORAMA GERAL
Todo mundo gostaria de ser considerado “fora da curva” pelo menos em algum aspecto de sua existência, pois é atraente se destacar da multidão. Quase todos acreditam que os atributos da pessoa de sucesso são intrínsecos a sua personalidade e força de vontade, como muitas histórias nos relatam. Porém, se quisermos ter sucesso, ser referência em algo, devemos também considerar outros fatores.
Malcolm Gladwell estudou o assunto e publicou suas conclusões no interessante livro “Fora de Série – Outliers”. O autor é colunista da revista The New Yorker desde 1996. Publicou vários best-sellers do The New York Times. Trabalhou no jornal The Washington Post, cobrindo negócios e ciência. Foi nomeado uma das 100 pessoas mais influentes pela revista Time e um dos Maiores Pensadores Globais pela Foreign Policy. Nasceu na Inglaterra, cresceu no interior do Canadá e hoje mora em Nova York.
Segundo Gladwell, há algo profundamente errado na forma como entendemos o sucesso, geralmente a história que permeia esses casos é sempre a mesma: alguém que teve o nascimento em circunstâncias modestas e, graças ao seu talento e garra, abre o caminho até o topo. Esse tipo de explicação pessoal para os fora de série, segundo ele, não funciona. Não basta querer saber como são as pessoas de sucesso, mas, é necessário saber o contexto em que viviam, incluindo momento histórico, cultural e econômico bem como as oportunidades que aproveitaram.
TIPOS DE TALENTO
Os bem-sucedidos não são necessariamente os mais brilhantes. Se fossem, haveria muito “Gênio” de QI alto por aí no mesmo nível de Eisntein.
Além da inteligência medida pelo QI, os “gênios” precisam de uma grande dose de “inteligência prática”, como denomina o psicólogo Robert Sternberg. Esse tipo de inteligência inclui elementos como “saber o que dizer e para quem, saber quando dizê-lo e saber como dizê-lo para obter o máximo de efeito”: é saber “como” fazer algo. A inteligência geral, medida pelo QI, é atribuída aos nossos genes, ou seja, trata-se de uma habilidade inata. Já a inteligência prática ou destreza social é um conjunto de capacidades que precisam ser aprendidas. Isso ajuda a explicar por que muitos “gênios” não conseguem sucesso na vida.
Em suma, é preciso também considerar a inteligência emocional, o saber viver em sociedade, a forma de se relacionar com os outros para termos uma pessoa fora da curva.
A IMPORTÂNCIA DO TREINO
O sucesso é uma combinação de talento e preparação. Porém, conforme nos relata Gladwell, quanto mais fundo os psicólogos analisam as carreiras dos talentosos, menor parece o papel desempenhado pelo talento e maior se mostra a importância da preparação.
Em um estudo na Academia de Música de Berlim na década de 1990, sociólogos dividiram estudantes violinistas em 3 grupos: os amadores, os bons e os de nível internacional e constataram que os primeiros praticaram 4.000 horas, os segundos 8.000 horas e os de nível máximo 10.000 horas (o que equivale a, por exemplo, 20 horas semanais durante 10 anos). Outros estudos feitos em várias áreas incluindo basquete, xadrez e piano apresentaram o mesmo padrão. Mozart, mesmo começando a compor tão cedo, só conseguiu chegar a suas obras primas após passar de 10.000 horas de prática. Bill Gates fundou a Microsoft quando já estudava e praticava programação intensivamente por 7 anos desde os 14. Pense em um campeão de natação, como Mark Spitz, quanto tempo de sua vida se dedicou a treinar para ganhar 11 medalhas olímpicas.
Segundo essa teoria, não existe apenas talento natural. Para se tornar um expert de nível internacional, é preciso prática. O que as pessoas chamam de “gênios” são as horas e horas de prática que nós não vemos agregadas ao talento natural.
Devemos considerar ainda que para chegarem ao sucesso, praticando tanto, os fora de série deviam amar muito a atividade para a qual se empenhavam.
A INFLUÊNCIA DO MEIO
Ninguém surge do nada; devemos alguma coisa à família e a protetores, por exemplo. O lugar e a época em que crescemos fazem diferença. A cultura a que pertencemos e os legados transmitidos por nossos ancestrais moldam os padrões de nossas realizações.
Portanto, as pessoas não se tornam bem-sucedidas sem ajuda. A sua origem importa. Elas são produtos de lugares e ambientes específicos em que vivem.
O sucesso resulta do acúmulo constante de vantagens: ele depende, em grande parte, de quando e onde nascemos, de qual é a profissão dos nossos pais, das circunstâncias de nossa criação, das tradições e atitudes que herdamos de nossos ancestrais, ou seja, os legados culturais, só para citar alguns. Entenda-se como “vantagem” não somente pontos positivos, mas, às vezes, algum acontecimento negativo que pode ter influenciado positivamente o indivíduo bem-sucedido.
Para cada tipo de atividade deve-se compreender que a cultura, a história e o mundo exterior afetam o sucesso de uma pessoa. Esses fatores devem ser estudados e, às vezes, combatidos e ajustados caso representem empecilhos à execução correta de uma tarefa.
APROVEITANDO OPORTUNIDADES
Ao analisar as histórias de Airton Sena, Jeff Bezos, Rebeca Andrade ou Luiza Trajano, por exemplo, nos deparamos com talentos fantásticos, que tiveram circunstâncias extraordinárias para desenvolver suas aptidões. Devemos reconhecer as oportunidades apresentadas na vida de cada um deles que os levaram a treinar, treinar e treinar para chegar no momento certo com as habilidades adequadamente desenvolvidas.
Assim como o êxito não se resume ao QI da pessoa, ele também não se refere somente à soma das decisões e dos esforços individuais. Os vitoriosos são aqueles que receberam oportunidades – e que tiveram força e presença de espírito para agarrá-las.
DEMOCRATIZANDO OPORTUNIDADES
Os fora de série são mais inteligentes que o resto da população, porém, como vimos, fatores como inteligência emocional, relacionamentos interpessoais ou um ambiente familiar favorável, faz muito mais diferença. Até quando algo parece ser uma desvantagem, muitas vezes existe uma oportunidade escondida e os fora de série aproveitam a ocasião para desenvolverem-se.
Porém, são os bem-sucedidos que têm mais chances de contar com oportunidades especiais que proporcionarão mais sucesso. São os ricos que se beneficiam de mais incentivos fiscais, são os melhores alunos de escolas de elite que se beneficiam de um ensino de maior qualidade e mais atenção, são os garotos na faixa dos 9 a 10 anos com maior desenvolvimento físico que recebem mais treinamento e oportunidades de praticar esportes (basquete, por exemplo). O sucesso é o resultado do que os sociólogos denominam “vantagem cumulativa”.
O mundo poderia ser bem mais desenvolvido e igualitário, se reconhecermos os verdadeiros fatores que implicam em pessoas de sucesso e ampliássemos as oportunidades para seu desenvolvimento em muitos outros indivíduos. Quantos “fora de série” não estão sendo desperdiçados por falta de oportunidades. As pessoas necessitam de chances adequadas para se saírem vitoriosas.
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