Você tem conseguido gerar novas ideias?
PANORAMA GERAL
Nossa vida cotidiana é marcada por uma agenda cheia, com compromissos constantes e pouco tempo para pausa ou relaxamento. Vivemos num mundo acelerado e barulhento que nos incita a permanecermos com os mesmos comportamentos automáticos para darmos conta de tudo o que há para fazer. Essa característica da modernidade trabalha contra o fomento do pensamento criativo justamente quando a geração de novas ideias é cada vez mais requisitada.
Segundo artigo publicado nem 09/04/24 o site da Época Negócios, denominado “Demanda por criatividade está em alta: saiba como se tornar um líder mais inventivo e formar times inovadores”, uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial publicada em maio/23 sobre o futuro do emprego detectou que o pensamento criativo era uma das qualidades mais procuradas pela maioria das empresas (quase 60% delas o consideram uma habilidade central para sua força de trabalho), ficando atrás apenas do pensamento analítico (com quase 70% de votos). Os autores da pesquisa revelaram ainda que a demanda por pensamento criativo está crescendo mais rápido que a do pensamento analítico. “Isso reflete a crescente importância da resolução de problemas complexos no mercado de trabalho”, afirma o relatório. De acordo com o estudo, feito com 11 milhões de funcionários de 800 organizações do mundo inteiro, 73,2% das empresas apontaram o pensamento criativo como a habilidade cuja demanda mais vai crescer nos próximos cinco anos.
Muitas pessoas acreditam não possuir a capacidade de serem criativas, mas os estudos recentes mostram que todos têm essa competência, pois nascemos com o potencial para criatividade. Basta observar crianças brincando para verificar o quanto somos naturalmente criativos. Com o crescimento e as restrições sociais, o ser humano vai diminuindo a geração de soluções criativas, o que diminui sua capacidade de utilização dessa competência quando adulto. Nesse contexto, surge a necessidade de resgatar a nossa criatividade, que passa a ser um “convite da vida a voltarmos a ser humanos”, afirma Murilo Gun, graduado em administração de empresas e com MBA em Gestão de Negócios, artista e professor de criatividade.
Além desse aspecto, existe ainda um viés ancestral na economia de sua utilização. Segundo a neurocientista Ana Carolina Souza, da Casa do Saber, a criatividade é uma habilidade humana que exige muita energia do nosso cérebro, pois este, apesar de pesar algo em torno de 1,5 kg, consome cerca de 20% de toda a energia produzida pelo nosso corpo. O ser humano, intuitivamente, tende a agir de forma a economizar energia, liberando-a para atividades de subsistência como, no caso de nossos ancestrais, correr de predadores. Temos hábitos arraigados para concretizar essa economia: eu não preciso pensar qual a melhor maneira de me levantar e fazer o café da manhã de todo dia, isto está automatizado em meu comportamento. Porém, a capacidade criativa exige ter e usufruir de novas ideias, saindo do ciclo “automático” da rotina. Ou seja, teremos que dispor de mais energia que o usual ao nos dedicarmos a processos criativos.
COMO FOMENTAR A CRIATIVIDADE
Há muita literatura a respeito, mas achei particularmente interessante o livro “Roube como um Artista” escrito por Austin Kleon. O autor escreveu também o livro de poemas Newspaper Blackout e seu trabalho tem sido destaque no The Wall Street Journal. Ele fala sobre criatividade e arte para organizações como TEDx, The Economist, entre outras.
Segundo Kleon, as ideias não vêm do nada. Todo trabalho criativo é construído sobre o que veio antes. Nada é totalmente original. O segredo é abraçar a influência ao invés de fugir dela e tentar criar algo novo. Cada ser humano é constituído pela soma das influências recebidas e o mesmo funciona com suas ideias. O que devemos fazer é capturar o maior número de ideias boas das pessoas com as quais nos relacionamos ou conhecemos e criar um reservatório delas, o que nos ajudará a criar uma nova boa ideia.
O conceito não é sobre plágio ou roubo literal, mas sobre como absorver influências e transformá-las em algo novo e pessoal. Aqui estão alguns princípios para “roubar como um artista”:
- Colecione Influências: Estude e colecione trabalhos de artistas, escritores, músicos e criadores que você admira. Veja o que os inspiraram e como eles abordaram seus projetos.
- Faça Conexões: Misture e combine ideias de diferentes fontes. A criatividade muitas vezes surge da junção de conceitos que, à primeira vista, parecem desconexos.
- Adapte e Reinterprete: Use o que você aprendeu e adapte as ideias ao seu próprio estilo. Não se trata de copiar diretamente, mas de reinterpretar e transformar.
- Construa Sobre o Que Já Existe: Grande parte da inovação vem de construir sobre o trabalho de outros. Muitos artistas e criadores famosos foram influenciados por seus predecessores e contemporâneos.
- Seja Autêntico: Mesmo quando você está se inspirando em outros, adicione seu toque pessoal. A originalidade não vem da criação de algo completamente novo, mas da maneira como você interpreta e executa suas ideias.
- Não Tenha Medo de Experimentar: Teste novas abordagens e técnicas que você descobriu em seu processo de inspiração. A experimentação é crucial para encontrar sua própria voz.
- Dê Crédito Adequado: Quando for apropriado, reconheça e dê crédito às influências e fontes que ajudaram a moldar seu trabalho. Isso não só é ético, mas também mostra respeito por quem o inspirou.
Esses princípios ajudam a desmistificar o processo criativo e mostram que a inspiração e a influência são partes naturais e valiosas da criação.
PROCESSO CRIATIVO
Segundo os estudiosos, o processo criativo engloba as seguintes etapas:
- Preparação. Quantidade de experiências e conhecimentos que possuo e que estarão disponíveis para o processo criativo. Representa o nosso repertório. Quanto maior o repertório, mais amplo será o espaço de possibilidades criativas.
- Incubação. Trata-se de uma etapa inconsciente do processo. São os momentos de relaxamento, de abstração. Nesses momentos, as conexões cerebrais continuam acontecendo e, assim, tem-se o terreno fértil para a geração de novas ideias.
- Iluminação. É quando identificamos a nova ideia no plano consciente. É o momento “Eureka!”.
- Implementação. Trata-se de colocar a ideia em prática.
Na etapa de preparação é fundamental para a aquisição de repertório explorar o mundo. Nossa casa representa nossa zona de conforto, o que é muito legal. Mas, seu cérebro fica estagnado quando você passa muito tempo num mesmo lugar, seguindo a mesma rotina. Viajar, por exemplo, faz o mundo parecer novo, e quando o mundo parece novo, nosso cérebro se torna muito mais criativo. Aumente seu repertório através de viagens, passeios, leituras de livros, cursos, enfim, explore o mundo de todas as maneiras que puder.
Também devemos estar atentos ao excesso de trabalho. Ironia das ironias, a sobrecarga de trabalho pode diminuir a criatividade e a produtividade, já que a pressão e o estresse frequentemente bloqueiam o pensamento criativo. Aquele “clic” acontece quando estamos vivendo momentos de relaxamento na etapa de incubação. Permita-se descansar, tenha hobbies, curta a vida e, assim, seja mais criativo!
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