Você está preparado para o futuro? Sabe quais são as competências mais exigidas?

O presente e o futuro do trabalho são hoje altamente influenciados pelas tendências digitais. As novas empresas, particularmente as startups, nascem tendo a tecnologia em seu DNA. As empresas já estabelecidas, que vivenciaram um momento anterior à quarta revolução industrial, também tentam fazer sua transformação visando a sobrevivência e adaptação ao novo mundo VUCA, que significa:

  • Volátil: muda o tempo todo;
  • Uncertain (incerto): difícil de fazer previsões;
  • Complexo: falta de conexão clara entre causas e efeitos, mundo mais conectado, com influências diversas;
  • Ambíguo: sem respostas precisas.

Nesse contexto, o que dizer sobre as competências exigidas pelas organizações aos seus colaboradores?  Visando responder a essa pergunta foi lançada uma pesquisa realizada através de questionário com perguntas de multipla escolha e abertas, direcionado a líderes e liderados em empresas ativas na atualidade cujo objetivo é a adaptação e a sobrevivência no futuro. A pesquisa foi realizada de 25/06 a 06/07/2020 com profissionais pertencentes ao networking da autora, que receberam o link para resposta através das redes Whatsapp ou Linkedin. Houve 321 respostas e não era exigido o nome do respondente.

Os resultados da pesquisa demonstram a consciência existente na amostra de participantes considerada sobre as transformações que estão ocorrendo nas organizações, como consequência das mudanças do mundo externo VUCA, assim como da necessidade do indivíduo se modificar constantemente para também atender a essa realidade.

A grande competência do futuro reconhecida em larga escala tanto pelas empresas como pelos profissionais foi a adaptabilidade às mudanças.

As organizações devem se preparar para essa nova era, sob pena de não sobreviverem no futuro. Há vários exemplos de grandes empresas que não tiveram a resiliência suficiente para realizar esse desafio. Lembremo-nos dos casos da Kodak ou da Nokia, líderes em seus setores por muito tempo até morrerem.

A Kodak, foi fundada em 1888 e em 1976 dominava 90% das vendas de filmes e 85% de câmeras nos EUA. Por essa época, chegou a desenvolver o primeiro protótipo de câmera digital, mas decidiu não investir na novidade, pois isso poderia canibalizar a venda de filmes, que era seu carro chefe. A câmera digital, não fabricada pela Kodak, virou a grande disrupção e sucesso. Em 2012, a Kodak entrou com um pedido de falência: morreu por falta de inovação, apesar de ter desenvolvido, mas não lançado, o produto que a matou!

Em 2007 a Nokia, uma das maiores companhias em seu ramo,  compra a Navteq (empresa de navegação e mapeamento) por US$8,1 bilhões. A Navteq dominava a indústria de sensores de tráfego (somente na Europa cobria 400 mil Km). Nesta mesma época, foi fundado o Waze com o crowdsourcing de informações de localização, aproveitando os sensores de GPS dos telefones celulares dos próprios usuários. Em 2009, os números de fontes de dados de tráfegos da Waze se igualavam aos da Navteq. Em 2011, esse número era 4 vezes maior. Em 2012, o valor de mercado da Nokia caiu de US$140 bilhões para US$8,2 bilhões. Em 2013, o Google adquiriu o Waze por US$1,1 bilhão: a empresa não tinha infraestrutura, nem hardware e possuía aproximadamente 100 colaboradores; mas, tinha 50 milhões de usuários, ou 50 milhões de “sensores de tráfego humanos”. A Nokia pensou físico, linear, ultrapassado e o Waze pensou informação, exponencial, moderno.

Exitem vários exemplos como os da Kodak ou da Nokia e são sinônimos de uma falta de sensibilidade e flexibilidade para adaptação às mudanças céleres do nosso universo contemporâneo. É o motivo pelo qual as organizações devem se adaptar para sobreviver. Qual seria o maior fator contribuitivo a essa transformação? Dentre vários outros, mas extremamente relevante neste contexto, são as competências voltadas ao futuro de seus colaboradores. Daí chegamos do coletivo para o individual. Assim como as pessoas jurídicas, também as pessoas físicas devem realizar a evolução necessária para realizar essa passagem. Isso sempre foi essencial, mas agora temos uma velocidade exponencial concorrendo na equação.

A Mckinsey Global realizou um estudo para a revista Fortune, no qual apontou que as 500 maiores empresas americanas em 1980 possuiam uma media de idade de 63 anos e que em 2016 essa mesma media era de 19 anos. Tudo isso leva a uma necessidade de renovação das empresas liderada pelos profissionais que nela trabalham. Segundo Magaldi e Salibi, em seu livro “O Novo Código da Cultura”, o êxito no processo de adaptação ao novo não está relacionado exclusivamente às transformações tecnológicas. Não é possível que aconteçam transformações de qualquer natureza, seja qual for a organização, que não envolvam uma profunda modificação cultural em sua essência. E a transformação cultural é consequência dos indivíduos, crenças e valores da empresa.

Neste enfoque, acreditamos que, na amostra avaliada no estudo de caso, as pessoas e empresas estejam conscientes desta necessidade premente: estar à frente das mudanças, ter adaptabilidade é o segredo para o sucesso no futuro. Obviamente, a pesquisa realizada considera um público alvo (networking da autora) que não pode ser extrapolado para toda a sociedade, mas que possibilita analisar o que pensa parte de seu todo.

Pudemos observar que a pesquisa resulta na necessidade de desenvolvimento maior de soft skills do que de hard skills para que profissionais encarem o futuro de frente. Tanto na pergunta fechada relativa à valorização das empresas às competências (66% soft skills versus 34% hard skills), como ainda mais na pergunta aberta (94% de soft skills versus 6%de hard skills), referente às capacidades profissionais dos indivíduos para ter sucesso no futuro.

Nossa amostra acredita que o desenvolvimento de competências comportamentais levam o profissional a uma maior flexibilidade e dinamismo para atuação no futuro. O indivíduo com mais competências comportamentais disponíveis estaria mais apto a aumentar as competências técnicas primordiais à construção do que virá.

Tivemos como o hard skill mais apontado o conhecimento técnico da área em que atua, o que avaliamos como coerente. A tecnologia é a responsável por todas essas mudanças e é sem dúvidas ela que deverá ser aprendida e aperfeiçoada pelos profissionais que quiserem ser destaques neste movimento.

A própria pesquisa nos mostra como conseguir isso: o aprendizado contínuo, apontado na pergunta aberta, como a segunda habilidade mais importante depois da adaptabilidade. O indivíduo deve se engajar na aquisição do conhecimento de maneira proativa e isso pode ocorrer de diversas maneiras, pois temos hoje um mundo de conhecimento polissinodal, disponível para utilização.  Todos que quiserem ter alto grau de adaptação ao novo, deverão aprender a vida inteira.

Vale ressaltar, ainda, várias outras competências escolhidas pelos pesquisados como fundamentais para essa nova realidade: inteligência emocional, criatividade, pensamento crítico, colaboração, multidisciplinaridade, visão sistêmica, trabalho em equipe. Também não passou desapercebida a indicação por vários respondentes da capacidade de “empreendedorismo” como sinônimo de uma nova competência, que engloba tanto a capacidade de execução, proatividade e inovação necessárias às novas companhias ou mesmo na atuação naquelas já existentes. A importância dada às competências comportamentais revela quão exclusivas elas são e como devemos considerá-las fundamentais em qualquer cenário que esteja por vir.

Muitos dos comentários às respostas mencionaram a pandemia do corona vírus, a qual continuamos vivendo no momento, como um fator externo em forma de crise que veio apressar a necessidade de adaptação cultural e tecnológica das organizações e pessoas às novidades. Entre abril e junho, meses de pico do distanciamento social, 5,7 milhões de clientes fizeram sua primeira compra pela internet, de acordo com dados da Neotrust Compre&Confie, segundo publicado no jornal Folha de São Paulo de 23/07/20. Os clientes que antes se sentiam receosos de utilizar esse canal, foram incentivados pelo novo cenário a tomar um outro tipo de atitude e as empresas viram-se mandatoriamente mais abertas a explorar ou fomentar novas opções não tão utilizadas anteriormente. É assim que as oportunidades se apresentam: quem estiver mais preparado, consegue crescer e se desenvolver. As crises podem, sim, serem vistas como um acelerador das mudanças organizacionais e pessoais, mas é preciso ter mente aberta para aproveitá-las como tal.

O resultado final da pesquisa mostra que as variáveis analisadas tiveram alguma influência nas respostas: ramo de atividade das empresas, seu porte, função e geração do respondente trouxeram algumas reflexões sobre atitudes essenciais às transformações mais abrangentes ao futuro. Por vezes, as lideranças ainda não estão capturando os anseios de sua base. De um modo geral, porém, o resultado foi homogêneo indicando as conclusões acima.

Para terminar, deve-se destacar que analisando empresas e profissionais, vale a máxima do protagonismo individual para adaptação e enfrentamento ao futuro. Quando analisamos, porém, os países e a grande necessidade de requalificação de mão de obra que o futuro já vem demandando e demandará cada vez mais, como apontado pelo Fórum Econômico Mundial, faz-se essencial a adoção de políticas de estado para ajudar a promover toda essa adequação social, sob pena de termos países em graus ainda mais díspares de desenvolvimento.

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