Você age de acordo com o que lhe é essencial ou de acordo com o que os outros definem?
Vivemos num mundo de abundância: temos excesso de informações, opiniões, ofertas, oportunidades, caminhos, tarefas. Isso nos encoraja a querer ser tudo, ter tudo e fazer tudo. O problema é que os seres humanos têm limitações naturais e não conseguem absorver tanta coisa. Quem tenta ser, ter e fazer tudo acaba com uma vida cheia, mas uma existência vazia, pois não tem tempo nem para pensar o que realmente é importante para si mesmo.
O consultor de negócios e escritor inglês Greg Mckeown, eleito um dos “Young Global Leaders” pelo Fórum Econômico Mundial, trata deste assunto em seu livro “Essencialismo: A disciplinada busca por menos”. Segundo o autor, na última década, a humanidade se deparou com uma explosão de escolhas e um excesso na oferta de opiniões sobre todos os assuntos na internet, por exemplo. Diante disso, as pessoas estão deixando de ser seletivas, elas tentam fazer um pouco de tudo. O resultado é que elas sentem que estão sempre trabalhando, mas que também estão sempre atrasadas.
Essencialismo é uma filosofia de vida que tem por princípio escolher as coisas certas e renunciar a todo resto que for desimportante. Podemos resumir o conceito na expressão: menos, porém melhor. Dividir a energia para tentar ser bom em tudo, só irá te fazer ficar mediano em tudo. Já usar todas as suas forças para ser bom apenas naquilo que é essencial, faz com que novos níveis de excelência possam ser alcançados. Quando se executa uma série de ações definidas para nós, normalmente não há unanimidade de caminho, atiramos em várias direções, não nos aprofundando em nenhuma. Quando se define o essencial e se passa a executar apenas as ações que levam até ele, somos mais assertivos, focados e dispendemos energia concentrada no atingimento do nosso objetivo.
O essencialismo pressupõe o protagonismo: o indivíduo deve ser capaz de escolher o que quer fazer, dado seu objetivo, ao invés de fazer o que lhe é requisitado por outrem. Quem não tem clareza do essencial, acaba ocupando a vida com tarefas que são prioridades dos outros. Se você não estabelece as suas prioridades, alguém vai estabelecer para você. Imagine quanto da sua vida corresponde ao que seus familiares, ou chefe, ou amigos pedem e definem para você. Se não estivermos atentos, sobra muito pouco espaço para realizar aquilo que realmente é importante para nós. Trata-se de perder para ganhar: escolher o que é importante, significa renunciar a todo o resto.
O grande ponto aqui é responder à questão: O que é essencial para você? Essa definição requer muita reflexão e experimentação. A mentalidade básica do essencialista é saber escolher as coisas certas e perceber a desimportância do resto. Ao ser questionado em como saber o que é essencial, Mckeown respondeu ser necessário revisar toda a sua vida, desde o início, pensar no legado dos seus avós, dos seus pais; descobrir ou definir quais são os seus objetivos a longo prazo; pensar em como você quer que os seus netos se lembrem de você. Ou seja, pensar com uma perspectiva longa, tanto na direção do passado quanto do futuro, é o segredo para perceber o que é essencial. Quem não tem essa mentalidade está apenas reagindo ao próximo e-mail recebido, está apenas respondendo à agenda das outras pessoas.
Quando tudo é prioritário, nada o é. Uma ajuda para não cair na armadilha de achar que tudo é essencial é estabelecer critérios bem definidos para realizar essa classificação. O livro nos fornece algumas sugestões:
- Regra dos 90%: avaliar a probabilidade de algo agregar valor dando uma nota de 0 a 100 e considerar essencial apenas o que receber avaliação maior ou igual a 90. Se, por exemplo, você estiver arrumando seu guarda-roupa e ficar na dúvida se deve descartar determinada peça, pergunte-se “de zero a cem, qual a chance de eu querer vestir isso novamente?”, qualquer resposta menor que 90% indicará que você deve descartar.
- Critério do “sim, óbvio”: por esse critério, tudo o que não for um sim óbvio é um não óbvio. Por exemplo, se você está participando de um treinamento para a São Silvestre e deseja analisar se essa atividade é essencial para você, pergunte-se “essa corrida é essencial para mim neste momento?”, se a resposta não for um “sim, óbvio”, então ela é uma atividade descartável.
Já ficou claro que para ser um essencialista é preciso aprender a dizer “não” com muita frequência. Descartar uma roupa ou uma atividade pessoal é relativamente fácil se comparado a dizer “não” a outras pessoas, como a um amigo, familiar ou colega de trabalho. A cada momento que dizemos “sim” para alguma coisa, dizemos “não” para várias outras, principalmente àquelas essenciais para nós. Há boas razões para ter medo de dizer não: tememos perder grandes oportunidades, receamos complicar a situação e desfazer laços, não suportamos a ideia de decepcionar alguém que respeitamos e amamos. Mas, por mais difícil que seja dizer não a alguém, se não o fizermos poderemos perder algo muito mais importante: ao nos negarmos a dizer não ao outro, acabamos dizendo não a nós mesmos e ao que é essencial em nossa vida. A coragem é o segredo do processo de eliminação. Para citar um exemplo: Mckeown relata que, em um determinado momento de sua carreira passou a receber vários convites para palestras e que muitas vezes as viagens fariam com que não cumprisse promessas feitas à mulher e aos filhos, como estar presente numa formatura ou num jantar comemorativo, sendo esse o motivo de muitas negativas aos convites, uma vez que sua família foi classificada como essencial para ele.
Quando você for cortar tudo aquilo que não é essencial na sua vida, existe uma tendência de eliminar o que é relacionado a brincadeiras, diversões, relaxamento e descanso; não cometa esse erro: essas atividades são importantes para despertar sua criatividade e renovar a sua mente para tarefas mais desafiadoras. Dormir a quantidade de horas necessárias para o verdadeiro repouso aumenta a habilidade de pensar, conectar ideias e produzir melhor em menos tempo. Saúde mental e física são primordiais, portanto, não descarte tarefas relacionadas a elas.
Todas as questões abordadas acima parecem simples, mas são mais fáceis na teoria do que na prática. A adesão ao essencialismo implica em muita tentativa e erro. A mudança deverá ser gradual, passo a passo até se atingir a forma de vida focada em seus objetivos. Aprenda a dizer não para tarefas pouco importantes e depois, planeje com cuidado as tarefas essenciais. Se for uma execução cotidiana, crie uma rotina para ela, pois quando você transforma uma solução em uma rotina, libera tempo, espaço mental e energia para se dedicar a outros desafios.
O autoconhecimento o ajudará a estabelecer o que realmente quer da vida. Ao focar naquilo que é essencial, você usa toda a sua energia para desenvolver mais essas poucas coisas que realmente te trazem felicidade e bem-estar.
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