Você trabalha para ter uma mente sempre “afiada”?

Uma das vantagens do desenvolvimento científico é que a vida humana tem sido prolongada através dos tempos. O homem das cavernas tinha uma expectativa de vida média de 25 anos, na Idade Média essa marca passou para 31 anos, chegando a 40 anos no final do século XIX. Com todo desenvolvimento da medicina e infraestruturas de saneamento básico e higiene, além de técnicas de agricultura para a produção de alimentos, chegamos à expectativa média atual de 80 anos e os estudiosos estimam que esse número continuará crescendo na medida em que houver novas implementações e descobertas em diversas áreas do conhecimento humano.

Existem fatores para além de nossa vontade e atitudes que determinam o quanto viveremos, mas talvez eles influenciem menos do que imaginamos. Um estudo de 2018 publicado na revista Genetics, que pesquisou quase 55 milhões de árvores genealógicas com 406 milhões de pessoas nascidas entre o século XIX e meados do século XX, constatou que os genes explicavam menos de 7% da duração da vida das pessoas. Isso significa que mais de 93% de nossa saúde e da nossa longevidade está em nossas mãos. Porém, de nada valeria viver mais, se não conseguirmos viver bem, ou seja, com qualidade de vida e, particularmente, com a mente lúcida e ativa. Há fatores que atuam como inimigos desse objetivo, existentes para além de nossa vontade, mas há uma série de ações que dependem de nossa decisão e atuação. Então, o que podemos e devemos fazer a respeito? 

Sanjay Gupta é neurocirurgião há mais de 20 anos, professor de neurologia do hospital Emory e chefe de neurocirurgia do Grady Memorial Hospital nos Estados Unidos. Também atua como jornalista, sendo o principal correspondente médico da CNN. Considerado pela Forbes uma das dez celebridades mais influentes do mundo, foi eleito membro da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos, e é o autor do livro “Mente Afiada” que discorre sobre como desenvolver um cérebro ativo e saudável em qualquer idade.

Segundo o Dr. Gupta, o cérebro pode ser aprimorado de forma constante e contínua durante toda a vida, independentemente da idade e do acesso a recursos. Ele pode ser fortalecido pelas nossas experiências, ou pode ser enfraquecido e derrotado. O que separa esses dois tipos de pessoas? A resposta é a resiliência. O cérebro resiliente suporta traumas, pensa de um modo diferente, rechaça doenças ligadas a ele, como a depressão, e mantém o bom desempenho da memória cognitiva. Além disso, é o cérebro resiliente que separa os pensadores visionários e estratégicos dos medianos. Não é necessariamente o QI, nem mesmo o nível educacional. É a capacidade de melhorar o cérebro com as experiências desafiadoras em vez de encolhê-lo.

Como obter e manter um cérebro resiliente? Segundo o livro citado, existem 5 pilares da saúde cerebral para promover a boa função cognitiva a vida inteira e que foram definidos com base em provas científicas:

  1. Mexer-se: Atividade física é primordial também para a mente.
  2. Descobrir novidades: promover novas sinapses cerebrais.
  3. Relaxar: dormir adequadamente torna o cérebro mais sadio.
  4. Nutrir-se: nossa alimentação é a base para a saúde física e mental.
  5. Conectar-se: ter bons relacionamentos interpessoais torna as funções cerebrais mais saudáveis.

A atividade física é o elemento que tem os indícios mais fortes de geração de mudanças cerebrais positivas. O movimento aumenta o poder cerebral porque ajuda a gerar, reparar e manter células do cérebro, além de nos deixar mais alertas e produtivos o dia todo. Segundo o Dr. Gupta, é preciso se dedicar a exercícios físicos regulares pelo menos 150 minutos por semana e incorporar a essa rotina o treinamento de força e os exercícios aeróbicos de forma intervalada. É importante variar-se níveis de velocidade, intensidade e esforço, para não cair em rotinas desgastadas que não trazem desafios e causam estagnação no progresso. O treinamento de força envolve o uso de pesos ou do peso do corpo como resistência; ele ajuda a construir e tonificar a massa muscular e obter equilíbrio e coordenação.

O envelhecimento ativo envolve mais do que mexer o corpo. Também é preciso mexer o cérebro e exercitá-lo de forma a mantê-lo saudável. É preciso estar disponível para aceitar e aprender as novidades. Um estudo de 2014 da Universidade do Texas revelou que adotar um novo hobby, como pintura ou fotografia digital, ou mesmo aprender um novo idioma ou software, fortalece o cérebro. É importante construir e sustentar uma “reserva cognitiva”, conseguida fazendo-se exigências ao cérebro para mantê-lo pensando, criando estratégias, aprendendo e resolvendo problemas. Educação continuada: isso constrói e mantém a “resiliência cerebral”, tão importante para o bom funcionamento do cérebro a longo prazo.

O nosso corpo, e particularmente nosso cérebro, é uma máquina que opera 24×7 e para o seu bom funcionamento é preciso cumprir alguns procedimentos básicos. O Dr. Gupta nos indica que todos precisamos de sete a oito horas de sono por noite. A inadequação crônica do sono causa risco mais alto de demência, depressão, transtornos do humor, problemas de memória e aprendizagem, doença cardíaca, pressão alta, ganho de peso e obesidade, diabetes, lesões ligadas a quedas e câncer. A falta de sono pode até levar a vieses de comportamento, levando a pessoa a se concentrar em informações negativas na hora de tomar decisões. O sono não tem nada de desperdício de tempo. É nele que o corpo cura os tecidos, fortalece a memória e até cresce. Perder o sono terá consequências de curto e longo prazos para a saúde, e não se consegue necessariamente recuperar o sono dormindo até tarde no fim de semana ou tirando férias longas e sonolentas.

A alimentação pode afetar a saúde em geral e particularmente a saúde cerebral. Consumir determinados alimentos (como peixes de água fria, cereais integrais, azeite extravirgem, nozes, castanhas e sementes, frutas fibrosas inteiras, legumes e verduras) e limitar outros (os ricos em açúcar, gordura saturada e ácidos graxos trans) são providências que ajudam a evitar o declínio do cérebro e da memória protegendo-os de doenças e maximizando seu desempenho.

Ter uma rede social diversificada aumenta a plasticidade do cérebro e ajuda a preservar a nossa capacidade cognitiva, relata o Dr. Gupta. Interagir com os outros, além de reduzir o estresse e promover o sistema imunológico, também diminui o risco de declínio cognitivo. Para termos um embasamento científico consideremos o renomado Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto de Harvard, realizado por mais de 80 anos. A conclusão desse trabalho é que saúde e felicidade não têm a ver com riqueza, fama ou sucesso no trabalho, mas sim com bons relacionamentos, construídos durante a vida. De acordo com o Dr. Robert Waldinger, psiquiatra e seu atual responsável, há 3 conclusões: (1) conexões sociais nos fazem muito bem e solidão mata; (2) o importante não é o número de amigos que se tem nem se há necessariamente algum relacionamento de compromisso, mas a qualidade dos relacionamentos íntimos; (3) pessoas em relacionamentos nos quais sentiam que realmente podiam contar com o parceiro em momentos de necessidade ficaram mais tempo com a memória afiada.

Além de tudo isso, ter uma noção mais elevada de seu propósito na vida também pode ajudar a deixar seu cérebro mais “afiado”: as pessoas com propósito têm amor à vida e a todas as experiências que ela propicia; o propósito também tende a amortecer a depressão e trazer mais otimismo, impulsionando o bem-estar mental.

Todas essas ações podem ser realizadas a qualquer idade por quem se conscientizar de sua importância para uma vida longa com qualidade física e mental, mas, segundo o Dr. Gupta, o quanto antes forem incorporadas na nossa rotina, melhor será o resultado obtido, pois algumas doenças que implicam na deterioração da saúde mental começam desapercebidamente muitos anos antes de sua manifestação.

Em suma: faça atividade física, aprenda coisas novas, permita-se descansar, coma corretamente, tenha bons relacionamentos interpessoais e encontre seu propósito de vida. Tudo isso vai ajudar a manter sua mente afiada por muito tempo.

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