Como você lida com as situações caóticas que aparecem em sua vida?
PANORAMA GERAL
Como tratar as incertezas que se manifestam em nossa existência? Sabemos que são muitas e, dependendo da forma com a qual reagimos a elas, podemos sair vencedores ou perdedores. Ordem e significado ajudam a lidar com esse mundo de caos. Mas, o que devemos fazer para estarmos preparados e reagir corretamente quando esses acontecimentos ocorrerem? Como utilizar a ordem de forma coerente para sair do caos?
A vida é composta por muitos momentos de sofrimento e cada um poderá e irá reagir de forma diferente aos obstáculos que se apresentarem. Tendo isso em mente, é importante reconhecer que não existe “receita de bolo”. O que pode nos ajudar é aprendermos com o que nos acontece, bem como estudarmos e avaliarmos a experiência de outras pessoas em situações análogas.
Foi com essa mentalidade que resolvi ler o livro “12 Regras para a Vida: Um antídoto para o caos” de Jordan Peterson. O autor é psicólogo, palestrante, educador, escritor, tendo ministrado cursos por mais de 20 anos nas Universidades de Harvard e Toronto, além de ter realizado conferências para quase 1 milhão de pessoas em mais de 300 cidades ao redor do mundo. Ao contrário do que possa parecer, este autor não me era simpático num primeiro momento. Já havia assistido alguns vídeos de suas palestras e posso afirmar que não concordava com muitas de suas posições. E continuo não concordando. No entanto, fiquei feliz ao me predispor a lê-lo como forma de me aprofundar em suas análises e ter a oportunidade de me confrontar com pensamentos diferentes aos meus. Saindo de minha zona de conforto, reconheço que pude entender o embasamento das opiniões do autor e retirar vários ensinamentos positivos dessa leitura.
No livro em referência, Peterson oferece doze princípios práticos sobre como viver uma vida com significado. Vou explorar aqui, algumas dessas regras para nos auxiliar a organizar o caos da vida e seguir em frente com mais habilidades para enfrentar novos desafios.
TENHA A POSTURA DE UMA PESSOA SEGURA DE SI
A parte ancestral de nossos cérebros observa como somos tratados por outras pessoas. Se somos julgados pelos outros como de pouca importância, nosso cérebro restringe a disponibilidade de serotonina; isso faz com que fiquemos muito mais reativos, física e psicologicamente, a qualquer circunstância ou evento que possa produzir emoção, especialmente se for negativa; esse processo consome muito dos nossos recursos energéticos e físicos. Em consequência, nosso cérebro ancestral vai priorizar os prazeres a curto prazo, em detrimento de qualquer preparação para o futuro.
Por outro lado, se tivermos um status nas posições mais altas, o mecanismo frio, pré-reptiliano do cérebro entende sermos seguros e produtivos, além de bem amparados socialmente. Neste caso, a serotonina flui plenamente, deixando-nos confiantes e calmos.
No entanto, às vezes o mecanismo dessa “calculadora” do cérebro que avalia nosso status, pode não funcionar. Contribuem para isso distúrbios do sono, hábitos errôneos na alimentação e mau funcionamento físico desta parte do cérebro.
Se caminharmos por aí com a postura de um “coitadinho” nosso cérebro vai acreditar nisso e nos mostrar inferiores, fazendo com que as pessoas nos atribuam um status baixo. Desta forma, nosso cérebro não produzirá tanta serotonina e isto nos fará menos felizes, mais ansiosos e tristes, diminuindo nossas chances ter acesso aos melhores recursos, o que leva a um círculo vicioso.
Se nossa postura for ruim, por exemplo: costas curvadas, ombros caídos, peito para dentro e cabeça para baixo, parecendo pequenos, derrotados e incapazes, nos sentiremos exatamente assim. Se nos apresentarmos como um derrotado, as pessoas vão reagir como se fôssemos um perdedor. Se começarmos a nos alinhar, elas nos olharão de forma diferente. É importante salientar que essa é uma atitude física; mas não só. Levantar a cabeça, manter as costas eretas e os ombros para trás também é aceitar a responsabilidade da vida com olhos bem abertos, sem espaço para ter pena de si mesmo. As pessoas, incluindo nós mesmos, começarão a pensar que somos competentes e capazes, ou, pelo menos, não concluirão o contrário imediatamente, dando-nos a chance de provarmos nosso valor sem ideias preconcebidas.
NÃO SE COMPARE AOS OUTROS
Num mundo de tantos habitantes e a um clic de conhecermos muita gente, não importa o quanto somos bons em algo ou como classificamos nossas realizações, sempre haverá alguém por aí que pode fazer melhor e, consequentemente, nos fazer parecer incompetentes. Um indivíduo pode cozinhar bem, mas não é a Paola Carosella ou pode correr maratonas, mas não é o Usain Bolt, alguém começou a faculdade aos 23 anos, mas existem pessoas que já se tornaram milionárias a esta idade. Nosso grande mundo virou tão pequeno, que “conhecemos” sempre alguém melhor do que nós em qualquer quesito.
Devemos estar atentos com comparações, pois elas nem sempre levam em consideração toda a situação. Por exemplo, a celebridade que você admira é preconceituosa e uma motorista bêbada reincidente; a vida dela é realmente preferível à sua?
Na verdade, possuímos um conjunto de características e, em algumas delas somos muito bons, em outras medianos e em outras péssimos. Temos que nos avaliar e tentar nos desenvolver naqueles pontos que aumentará as habilidades que nos ajudem a atingir nosso propósito. Então, devemos evoluir em relação a nós mesmos.
A grande pergunta é “O que posso fazer hoje para que minha vida se torne um pouco melhor?” e sempre refazer a pergunta após cada melhora. Começar devagar e ir melhorando.
O importante de toda essa análise é levar em consideração a nossa própria evolução. O processo deve comparar você ontem com você hoje e delinear onde quer chegar no futuro, definindo ações que o façam chegar lá. Essa análise deve ser constante e adaptada a cada momento.
RESOLVA PRIMEIRO OS SEUS PROBLEMAS, ANTES DE QUERER RESOLVER OS PROBLEMAS DO MUNDO
Há pessoas que, com muito boas intenções, criticam a sociedade e o mundo em que vivemos. Querem lutar por um futuro melhor. Mas, o começo de tudo está em olhar para si mesmo. Está tudo certo aí ou existem pontos a melhorar? Somente melhorando a nós mesmos, mudaremos o mundo, pois nós somos o mundo.
Você deixou de aproveitar totalmente as oportunidades que lhe foram oferecidas? Está fazendo coisas que te geram amargura e ressentimento e que no futuro o tornarão alguém com raiva de quase toda a humanidade? Fez as pazes com seu irmão ou quer apenas que as pessoas sejam colaborativas umas com as outras, sem ter aplicado isso dentro de sua própria família? Isso é somente uma reflexão para pensarmos: se não conseguirmos arrumar nossa própria casa, como mudaremos o mundo?
Avalie a si mesmo e deixe sua vida em ordem antes de criticar o mundo.
DIGA A VERDADE AOS OUTROS E A SI MESMO
Já percebeu quanto mentimos para poder conquistar coisas? Primeiro, uma mentirinha; depois, várias mentirinhas para dar suporte. Depois, um pensamento distorcido para evitar a vergonha que essas mentiras produzem; então, mais algumas para encobrir as consequências do pensamento distorcido e, enfim, a transformação através da prática dessas mentiras em uma crença e ação automatizada. Neste momento, deixamos de viver a realidade, pois nossa vida será uma grande mentira.
A maior mentira é aquela que contamos a nós mesmos e na qual acreditamos. Aconteceu o que eu queria? Não. Então, o mundo é injusto, as pessoas são invejosas e ignorantes demais para entender, é culpa de alguém ou alguma coisa. Há uma distância muito curta daqui para “eles devem ser impedidos”, “eles devem ser machucados” ou “eles devem ser destruídos”.
Ao invés disso, considerar: “Aconteceu o que eu queria? Não. Então meu objetivo ou meus métodos estavam errados. Ainda tenho que aprender algo.”
Enxergue a verdade; diga a verdade. Ela não virá de opiniões compartilhadas pelos outros, assim como não virá de uma coleção de slogans de uma ideologia. Ela será pessoal. Baseada nas circunstâncias únicas da vida de cada um.
SEJA PRECISO EM SUAS ANÁLISES E EM SEUS PROPÓSITOS
Existe maior subjetividade no mundo do que imaginamos. Quando enxergamos alguma coisa, percebemos apenas o suficiente para que nossos planos e ações funcionem e para que possamos enfrentar a situação. Essa é uma simplificação funcional, inconsciente do mundo e, muito provavelmente, as outras pessoas não têm a mesma visão. É por essa razão que devemos ser precisos em nosso propósito. Sem essa precisão, afogamo-nos na complexidade das coisas. Isso se aplica inclusive à nossa percepção de nós mesmos.
No dia a dia, ignoramos grande parte da realidade pois focamos apenas no que nos interessa. Mas, quando as coisas quebram, tudo aquilo que foi ignorado emerge. Quando não são especificadas com precisão, as paredes ruem e o caos se faz presente. É desse tipo de caos que a intenção focada, a precisão da meta e a atenção cuidadosa nos protegem.
Normalmente, o caos emerge aos poucos, mas recusamo-nos a percebê-lo até que se transforme num enorme dragão à nossa frente, obrigando-nos a agir de forma emergencial, o que é um dos fatores de sofrimento e insucesso.
Especificar um problema é, em primeiro lugar, admitir que ele existe. É reconhecer de forma clara e precisa contra o que se deve lutar, mesmo que tenhamos sofrimento no processo da resolução.
Ao falarmos com cuidado e precisão, somos capazes de compreender as coisas, colocá-las em seu devido lugar, estabelecer objetivos e superar o caos.
Especifique e olhe atentamente, mova-se adiante de forma clara e direta.
FECHAMENTO
Devemos reconhecer a existência de um caos fora e dentro de nós. Existem males que não podemos mudar. Mas, existem problemas para os quais uma atitude proativa pode resolver. Quanto mais nossa postura e mentalidade forem firmes e assertivas, mais conseguiremos reagir positivamente ante os inúmeros desafios que se apresentam em nossa vida. Enfrentar os problemas é sempre melhor do que fugir deles. Para atuarmos com inteligência emocional é necessário termos conhecimento aprofundado de nós mesmos, como agimos no dia a dia e reagimos aos desafios. Também é preciso sairmos de nossas “bolhas” e buscarmos a visão de pessoas diferentes, como eu fiz ao me aventurar no livro citado acima; não concordo com a maioria das posições do autor, mas sempre há ensinamentos positivos, além do pensamento crítico ser acentuado com maior embasamento.
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